sexta-feira, 17 de junho de 2011

Prefeito: apoio por atendimento pediátrico

Cezar Alves
Da Redação

22h. Sábado, dia 11 de junho. Samuel de Souza Pinto, de 2 anos, é levado por parentes às presas para o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), mas não chegou a dar entrada na emergência com problemas cardiovasculares e uma infecção. Não havia pediatra de plantão. A criança foi levada, então, para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA - Alto São Manoel).
O médico de plantão da UPA aplicou uma medicação para reduzir a febre, mas informou que havia necessidade de uma UTI pediátrica urgente para iniciar o tratamento de uma infecção para em seguida tratar do problema cardiovascular da criança.
Só que Mossoró, assim como todos os outros municípios da região Oeste, Vale do Açu, Seridó, Central, não tem UTI pediátrica nem na iniciativa pública e nem privada. O Conselho Tutelar foi chamado e, de posse do Estatuto da Criança e do Adolescente, procurou o juiz Pedro Rodrigues Caldas Neto, do Plantão Judiciário.
Samuel, então, foi levado para enfermaria do HRTM, para aguardar um socorro em outra cidade por determinação do juiz Pedro Rodrigues Caldas Neto. O prefeito Lawrense Amorim, de Almino Afonso, acompanhou o caso via Twitter narrado por este repórter e compartilhou com colegas prefeitos, que também ficaram angustiados com o quadro.
Nasceu assim a ideia de unir os prefeitos de todo Oeste do RN, em Mossoró, para somar forças e ir aos governos Federal e do Estado em busca de recursos para melhorar o atendimento pré-natal e principalmente neonatal e pediátrico na região.
No Governo do Estado, segundo o prefeito Marco Aurélio, de Riacho da Cruz, que também concorda com o movimento, já existe a proposta de construir um hospital-maternidade em Mossoró em parceria com a Prefeitura e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Entretanto, o prefeito Lawrence Amorim disse que este hospital vai demorar a ser concluído e ressaltou que, ao conversar com o diretor da Casa de Saúde Dix-sept Rosado, André Neo, em Mossoró, tomou conhecimento de que a maioria das causas de morte neonatal é em decorrência do pré-natal mal feito, seguido da falta de estrutura para atender as mães em trabalho de parto.
Em contato com a reportagem, André Neo confirmou a informação e destacou que seriam necessários pelo menos 30 leitos de UTI pediátrica e número igual neonatal para atender a demanda de atendimento no Oeste do Rio Grande do Norte. Acrescentou que quando a gravidez não tem problema, o parto pode ser feito numa maternidade municipal, como a existente em Almino Afonso, Caraúbas, Pau dos Ferros, Patu ou Hospital da Polícia Militar em Mossoró, mas quando é gravidez de alto risco, é preciso levar a grávida para uma unidade hospitalar que tenha a estrutura para salvar a vida da mãe e também do filho, ou seja, leitos de UTI adulto e neonatal.
E em todo Oeste do Rio Grande do Norte esta estrutura só existe a Casa de Saúde Dix-sept Rosado (CSDR), entretanto só dispõe de três leitos de UTI neonatal custeados pelo SUS e outros 4 particulares, 10% do que precisa para atender a demanda de 600 partos por mês, sendo que deste número pelo menos 30 são prematuros, ou seja, precisam do auxílio da UTI neonatal para abrir as vias respiratórias da criança. Quando não tem este aparelho, as chances de sobrevivência da criança são mínimas.
O prefeito Lawrence Amorim disse que este quadro é inaceitável e que vai conversar com o presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte, Benes Leocádio, e o presidente da Associação dos Municípios da Região Oeste (AMORN), Marco Aurélio, para propor a união política dos prefeitos de todo o Oeste para ir aos governos federal e estadual em busca "de socorro para as crianças e também recém-nascidos", diz o prefeito.
Sobre Samuel, a subsecretária Ana Tânia, da Secretaria Estadual de Saúde, e o médico José Madson Vidal, presidente da associação dos amigos do coração da Criança (AMICO), tomaram conhecimento do fato através do Twitter deste repórter. Ana Tânia conseguiu o avião do Governo do Estado e uma equipe médica para transferir a criança para Natal e o médico José Madson conseguiu uma vaga na UTI no Instituto do Coração de Natal (INCOR), onde Samuel se encontra se recuperando da infecção para em seguida ser cirurgiado do problema cardiovascular.

SOBRE SAMUEL
Ele nasceu prematuro no dia 25 de agosto de 2009, em Mossoró. É filho de Ricardo Pinto Mendonça e Tamara Giselle de Sousa Ferreira. Devido a complicações no parto, Tamara Giselle não resistiu e faleceu. Na época, o Conselho Tutelar também acionou a Justiça, usando o que prevê o ECA, para conseguir os equipamentos necessários para Samuel sobreviver. "Deus reservou algo muito bom para esta criança. É a segunda vez que o ECA o salva", conta Flávio Roberto, do Conselho Tutelar da 34ª Região de Mossoró.

Fonte: AQUI

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