domingo, 10 de outubro de 2010

Crianças e adolescentes a perigo no RN

Andrey Ricardo
Da Redação

A cada 13 km de malha rodoviária federal, em média, uma criança ou adolescente do Rio Grande do Norte pode estar correndo risco de ser aliciada por exploradores sexuais. Isso é o que mostra um estudo divulgado na semana passada, onde o RN aparece com 110 pontos considerados vulneráveis à exploração sexual infanto-juvenil. Em comparação aos outros Estados brasileiros, o RN ficou na sexta pior colocação. Na sexta-feira, o DE FATO foi conferir a situação nas rodovias federais do Oeste.
A reportagem percorreu trechos das BRs 304, que liga Natal a Fortaleza (CE), 405, que liga o RN à Paraíba, e a 110, que liga Mossoró à Areia Branca. A pesquisa feita em parceria pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal, Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Organização Internacional do Trabalho, Childhood Brasil e o setor privado analisou 10 itens diferentes para definir o grau de risco que cada ponto vulnerável representa. Em todo o trajeto percorrido pelo DE FATO, basicamente todos 10 foram vistos.
O Mapeamento dos Pontos Vulneráveis À Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 2009/2010 avaliou: estacionamento com vigilância; indício de tráfico de drogas; prostituição; consumo de bebidas alcoólicas; local próximo a vilarejos; local afastado do perímetro urbano; estacionamento isolado/fechado; grande concentração de caminhoneiros; grande concentração de comércio; concentração de crianças e adolescentes. Nesse trajeto, a reportagem encontrou adolescentes panfletando em sinais, crianças em bares e escolas à margem das BRs - o que não é proibido, mas pode representar risco aos alunos.
Mesmo à luz do dia, foi possível verificar praticamente todos os itens pesquisados no Mapeamento, que já vem sendo feito no Brasil desde 2003 e hoje é considerado como uma das maiores referências no combate e prevenção da exploração sexual infanto-juvenil. À noite, vários pontos das rodovias federais de Mossoró são tomados por prostitutas e travestis, que fazem das estradas uma prateleira onde o produto à mostra são seus próprios corpos. É justamente nesse período que as atenções das autoridades se direcionam, segundo o inspetor Roberto Cabral, da PRF.
De 2005 para cá, Cabral contabiliza que a Polícia Rodoviária Federal, em parceria com instituições como Ministério Público Estadual, Conselhos Tutelares e outros, já realizou 40 prisões de pessoas acusadas de exploração sexual infanto-juvenil. Ao todo, 131 crianças ou adolescentes foram apreendidas em locais de risco, como bares, postos de combustível e outros, fora 42 que foram resgatadas desses locais. De acordo com Cabral, hoje o combate à exploração sexual infanto-juvenil é uma das grandes preocupações da PRF, que tem tido apoio de várias instituições em suas operações.

Estudo serve para alertar a sociedade
Anualmente, a Polícia Rodoviária Federal divulga os dados do Mapeamento dos Pontos Vulneráveis À Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas rodovias federais. O primeiro foi divulgado em 2003, ainda bastante tímido, em relação aos resultados alcançados nos últimos anos.
A partir daí, a pesquisa ganhou a participação de novas instituições, que aos poucos foram aprimorando os dados e, consequentemente, diagnosticando de maneira mais eficiente pontos vulneráveis ao longo das rodovias federais.
Em 2003, por exemplo, foram apontados apenas 844 pontos em todo o Brasil. No estudo seguinte, em 2005, esse número subiu para 1.222, passando para 1.819 em 2007.
Neste último estudo, foi desenvolvido um novo método para o mapeamento, onde foram estabelecidos critérios mais detalhados e a definição de pontos de alta relevância. Foram listados 1.820 pontos.
Com a participação de mais e mais instituições e a divulgação em massa do tema pelos principais jornais do Brasil, o assunto tornou-se lugar comum na sociedade brasileira. Na visão do inspetor Roberto Cabral, ponto de altíssima relevância para o combate a essa prática no Brasil.
"De certa forma, conseguimos tornar mais conhecido esse problema. Hoje é um crime que todos têm conhecimento de sua gravidade. Entre 2005 e 2009, só no Rio Grande do Norte foram 40 prisões por esse tipo de crime", avalia o inspetor Cabral.
Ele lembra, entretanto, que existe uma diferença entre pontos vulneráveis e pontos de prostituição, de fato. "São apenas locais de risco e não quer dizer que aconteça em todos eles", esclarece Cabral.


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